Casa do Peso, onde funciona a colônia de pescadores. Foto: Gabriel Fagundes |
Todo o ano, a colônia de pescadores oferece um grande presente à rainha das águas para que ela possa acalmar o mar e trazer boas pescarias. Este ano, o presente principal não foi entregue, sendo substituído por uma peça antiga do acervo.
Maré revolta reduz a faixa de areia e preocupa os pescadores desde março. Foto: Gabriel Fagundes |
TEMPOS DIFÍCEIS – Após a festa em homenagem a orixá, no dia 2 de fevereiro, vários pescadores começaram a reclamar da escassez de peixe e de como o mar estava revolto. Alguns começaram a pensar em castigo de Yemanjá e estavam cada vez mais cuidadosos ao sair para pescar, como é o caso de José dos Santos, 46. “Depois da festa, ficou um clima pesado no ar, não se pegava mais peixe, o mar estava bravo, mas todo mundo pensou que era a maré de março” explica ele.
A onda de azar teve o seu ponto alto no dia 26 de abril, quando a colônia foi arrombada. Os assaltantes levaram o cofre principal, com cerca de um metro de altura, para a praia e saquearam todo o dinheiro dos contribuintes. A escultura da orixá, que estava em cima do cofre, não sofreu nenhum dano.
CONSULTA A TERREIROS - Segundo o presidente da Colônia de pescadores do Rio Vermelho, Marcos Santos Souza, a oferenda foi substituída por uma imagem de Yemanjá, com baús cheios de jóias e as “obrigações” do ano foram cumpridas. Mas o pescador não descarta a hipótese de processar o artista pelo não cumprimento do acordo. “Ele [Ricardo] foi negligente e agiu de má fé, mas conseguimos entregar o presente. Não foi o que imaginamos, mas ela foi homenageada” explica Marcos.
Segundo o pescador, medidas judiciais serão tomadas para reaver o valor pago pela obra, que ficou em torno de R$ 6 mil. Marcos fez questão de afirmar que não existe nenhuma ira de Yemanjá. Ele atribuiu as más pescas à maré de março, e o assalto, à insegurança e falta de policiamento que toma conta do Rio Vermelho.
“Não há ira de Yemanjá, o povo fica inventando história. São fatos isolados que coincidem, mas isso não existe. Até consultamos alguns terreiros para saber se deveríamos entregar outro presente, mas eles nos aconselharam a esperar para dar um melhor no próximo ano. O que está feito tá feito” explica ele.
Ensaio fotográfico de Filipe Brandão, sobre a Colônia de Pescadores Z1
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